Já comentei por aqui e volto ao tema porque acredito que a discussão interessa diretamente à economia de Santo Antônio de Jesus. A marca de “comércio mais barato da Bahia” não surgiu por acaso; foi fruto de um trabalho construído ao longo dos anos e que fortalece a imagem da cidade no cenário regional. Outras localidades também disputam esse título – Cruz das Almas afirma ter o comércio mais charmoso e acessível, Amargosa sustenta que oferece os melhores preços – e estão certas em trabalhar suas marcas. Você não vai ouvir Amargosa dizer que o melhor comércio é o de Santo Antônio, assim como não verá o contrário. É como na velha metáfora: cada coruja enxerga o próprio filhote como o mais bonito. No marketing, não é diferente: cada cidade deve valorizar a si mesma. Portanto, Santo Antônio está correto em defender sua bandeira, e não somos nós, moradores daqui, que vamos jogar contra o nosso time. Até porque nenhuma cidade faz isso.
É importante ressaltar que muitas vezes só percebemos a força dessa marca quando saímos de Santo Antônio. Basta dizer de onde somos para ouvir: “Ah, lá vende muita coisa barata, não é?” E isso é verdade. Alguém pode até questionar, mas é natural que, onde há muitas lojas e forte competitividade, os preços sejam menores. Ao comparar com cidades vizinhas, facilmente se encontram produtos mais baratos aqui do que em outros lugares. Evidente que a concorrência com grandes centros, como Feira de Santana e Salvador, é mais difícil, mas ainda assim é legítimo e necessário defender o nosso comércio.
No entanto, esse esforço pode ser colocado em xeque quando setores importantes da economia local, como os postos de combustíveis, passam a ser apontados como responsáveis por preços mais altos em comparação a cidades vizinhas. E aqui cabe um alerta: se essa percepção se consolidar, compromete-se não apenas a imagem dos postos, mas todo o ecossistema comercial da cidade. Afinal, todo comerciante é também consumidor de combustível – do pequeno empreendedor que investiu seu FGTS em uma loja ao grande hospital que depende da frota abastecida para funcionar.
A Associação Comercial, que representa tanto postos quanto lojas de construção, supermercados e diversos outros setores, precisa agir. Não se trata de escolher lados, mas de investigar a fundo: os preços aqui estão realmente mais altos? Se for fake news, que se faça campanha para desmentir. Se houver abusos, que se cobre providências. O silêncio, nesse caso, só fortalece o descontentamento popular.
É bom lembrar: quando o povo se organiza, mobiliza-se de verdade. A história mostra que manifestações já derrubaram presidentes, prefeitos e vereadores. Imagine o impacto quando o motivo é algo tão sensível quanto o preço da gasolina, que afeta diretamente o bolso do cidadão.
A marca do comércio mais barato da Bahia é um patrimônio de Santo Antônio de Jesus. Não pode ser destruída por descuido ou omissão. Cabe às lideranças comerciais defender essa bandeira, esclarecer o consumidor e proteger a credibilidade conquistada com tanto esforço.Por Kaylan Anibal /
0 Comentários