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Daniel Carmo dá voz à acessibilidade na Câmara de Santo Antônio de Jesus

 

Com 10 anos de atuação, profissional destaca importância da Libras na inclusão de surdos nos debates públicos e reforça necessidade de mais intérpretes na cidade.Toda segunda-feira, durante as sessões da Câmara Municipal de Santo Antônio de Jesus, um rosto já conhecido do público se destaca pela dedicação e expressividade: Daniel Carmo, intérprete de Libras (Língua Brasileira de Sinais), é responsável por garantir que a comunidade surda tenha acesso aos debates, projetos e decisões políticas do município.

Com dez anos de experiência na área, Daniel iniciou sua trajetória com um propósito simples: incluir um colega de sala. Desde então, tornou-se profissional formado em Letras Libras com especializações diversas, e é atualmente um dos poucos intérpretes reconhecidos e atuantes na cidade. Segundo ele, apenas cerca de 10 profissionais de Libras atuam em Santo Antônio de Jesus — um número considerado insuficiente para a demanda da cidade.

“A Libras não é só a língua do surdo, é a língua do Brasil. A gente, como ouvinte, também precisa aprender para incluir”, afirma Daniel, que vê seu trabalho como um elo fundamental entre o poder público e a população surda.

Além de traduzir os discursos, Daniel explica que seu papel vai muito além da movimentação das mãos. “É preciso interpretar o contexto, expressar emoções e adaptar expressões idiomáticas. Quando alguém fala uma charada ou um ditado, eu não traduzo palavra por palavra, eu transmito o sentido com expressão facial e corporal”, explica.

O intérprete também chama atenção para a importância da acessibilidade em eventos públicos e instituições. “Imagina um surdo participando de uma sessão da Câmara e não entendendo nada do que está sendo discutido. Como ele vai escolher em quem votar, como vai entender as leis que o afetam diretamente?”, questiona.

Apesar dos avanços e da regulamentação da profissão, Daniel defende que ainda falta reconhecimento e estrutura para garantir a presença de intérpretes em todas as instituições públicas e eventos da cidade. Ele também destaca que a Libras tem suas especificidades e estrutura própria, diferente do português falado — o que exige formação e estudo contínuo.

Na Câmara, sua presença tem sido essencial para democratizar o acesso à informação. E fora dela, o carinho da população é constante. “As pessoas me veem na rua, falam comigo, agradecem. É muito gratificante saber que estou fazendo a diferença”, conclui.

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