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Gripe aviária no RS gera embargos internacionais e pode reduzir preço do frango e ovos no Brasil

 

Mais de 17 mil aves morreram em granja de Montenegro; exportações suspensas por países que representam 28% das compras de frango brasileiroApós a confirmação de um caso de gripe aviária em uma granja comercial de Montenegro (RS), o Brasil enfrenta embargos temporários de exportação de carne de frango e ovos por parte de países que, juntos, representam 28% das compras internacionais do setor. Segundo especialistas, o impacto já começa a ser sentido na logística das empresas e pode gerar queda nos preços do frango no mercado interno, ao menos temporariamente.
Foto: reprodução    Até este sábado (17), Uruguai, México e Chile se juntaram a Argentina, União Europeia e China na suspensão da importação de aves e ovos brasileiros. Os seis países foram responsáveis por US$ 2,8 bilhões em compras em 2024, sendo a China o principal mercado, com US$ 1,2 bilhão, o equivalente a 13% do total exportado no ano.

Com a interrupção nas exportações, parte da produção de frango destinada ao exterior deve ser redirecionada ao mercado interno, segundo André Braz, economista da FGV Ibre. A expectativa é de que essa sobreoferta reduza os preços do frango para o consumidor brasileiro. No entanto, ele alerta que os produtores devem rapidamente ajustar a produção para evitar prejuízos com os altos custos de criação das aves.

“O excesso de aves pode provocar queda nos preços, o que não compensa os custos com ração e manutenção. Por isso, os criadores vão reduzir a produção”, explica Braz.

O economista-chefe da Farsul, Antonio da Luz, reforça que o efeito para o consumidor tende a ser pontual, já que o ciclo de produção do frango é curto – cerca de 30 a 40 dias. “O mercado interno vai continuar abastecido. O desequilíbrio inicial será corrigido com ajuste da oferta”, destaca.

Na avaliação do analista Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital, grandes empresas como BRF e JBS devem enfrentar queda nas ações na bolsa. Além disso, cortes pouco consumidos no Brasil, como pé de galinha, que são fortemente exportados para a China, precisarão ser realocados ou transformados em ração animal.

Além da pressão nos preços, o episódio representa um desafio logístico. Segundo Ricardo Santin, presidente da ABPA, a paralisação de parte do fluxo de exportações afeta diretamente o funcionamento da cadeia. “São 25 milhões de aves por dia. Qualquer ruptura exige uma reorganização imediata”, alerta.

Em Montenegro, onde ocorreu o surto, cerca de 17 mil aves morreram – parte por ação do vírus H5N1 e parte abatida como medida de contenção. A granja era voltada à produção de ovos férteis, e cerca de 1,7 milhão de ovos já foram destruídos no estado. O governo de Minas Gerais anunciou neste sábado (17) o descarte preventivo de 450 toneladas de ovos fecundados vindos do Rio Grande do Sul.

Com o registro do primeiro caso da doença em granja comercial, o Brasil perdeu a condição de único grande produtor mundial livre de gripe aviária. Apesar disso, o Ministério da Agricultura reforça que o embargo é regionalizado. Países como Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes e Filipinas aceitaram continuar comprando de outras regiões brasileiras.

O governo rastreou ovos incubados da granja de Montenegro enviados a Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul, e determinou a destruição de todos os lotes por precaução. Ainda segundo o ministério, não há comprovação de contaminação nos ovos já distribuídos.

As exportações para outros países continuam, mas o cenário exige atenção. O comportamento dos preços internos dependerá da duração dos embargos e do número de países que aderirem às restrições nos próximos dias.Por  / 

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