Como pano de fundo, o minério de ferro atingiu máximas em 7 meses nesta semana, o que apoia as ações da mineradora, que é a maior empresa da Bolsa.Valter Campanato/Agência Brasil Apesar de ter começado o dia em queda, a Bolsa brasileira virou e passou a operar em alta na manhã desta terça-feira (31), impulsionada principalmente por ações da Vale e por empresas do setor de varejo.
Como pano de fundo, o minério de ferro atingiu máximas em 7 meses nesta semana, o que apoia as ações da mineradora, que é a maior empresa da Bolsa.Já as varejistas são beneficiadas pelo arrefecimento dos juros futuros no Brasil, em especial nas curvas mais longas, após forte alta registrada nos últimos dias em meio a receios sobre o cenário fiscal do país.
Os temores, porém, seguem no radar de investidores. Nesta manhã, reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que integrantes do governo passaram a discutir a revisão da meta de 2024 para 0,5% de déficit, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarar que “dificilmente” o país vai conseguir cumprir o atual objetivo.
Segundo fontes do Planalto, o próprio ministro Fernando Haddad (Fazenda) já teria admitido o risco de derrota na discussão sobre a meta dentro do governo. Questionado sobre o tema na segunda, o ministro não garantiu a manutenção do objetivo de déficit zero e se irritou com perguntas.Já o dólar até iniciou a sessão em queda, mas passou a rondar a estabilidade. Além dos riscos fiscais, pesam sobre o câmbio decisões sobre juros no Brasil e nos Estados Unidos, marcadas para esta semana, e a formação da Ptax de fim de mês, uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central que serve como referência para negócios e costuma trazer volatilidade.
Com isso, o Ibovespa terminou o dia em alta de 0,54%, aos 113.143 pontos, enquanto o dólar recuou 0,12%, cotado a R$ 5,047.
Para a sócia e especialista da Blue3 Investimentos Bruna Centeno, a Bolsa brasileira teve uma sessão de recuperação, após mau humor com ruídos políticos, notadamente as discussões em torno da meta fiscal do próximo ano.
Apesar do dia positivo, a Bolsa termina outubro com queda acumulada de 3%, num mês marcado pela forte alta nos títulos do Tesouro americano e pela guerra entre Israel e Hamas, que trouxe instabilidade para o mercado.
Nos últimos dias, as preocupações sobre o cenário fiscal do Brasil fizeram pressão adicional no Ibovespa, contribuindo para o cenário negativo dos ativos locais.
“O grande risco que o mercado está monitorando é o fiscal. A coletiva de Haddad na segunda desanimou as expectativas, porque havia a possibilidade de o governo acenar para zerar o déficit no ano que vem. Haddad deixou isso em aberto”, afirma Rafael Schmidt, sócio da One Investimentos.
A analista Bruna Sene, da Nova Futura Investimentos, também cita os riscos fiscais como um dos motivos de cautela para investidores na Bolsa.
“O ambiente de aumento nos ruídos fiscais e alta dos juros globais sugerem que a melhor opção é seguir com viés conservador, neste momento. A inflação doméstica baixa, e a continuidade dos cortes na taxa Selic não são motivos suficientes para justificar uma alocação mais arrojada”, diz a analista.
Agora, as atenções estarão voltadas para as decisões sobre juros do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) e do Banco central, que serão divulgadas na quarta (1°).
Em compasso de espera, os índices de ações americanos também fecharam em alta. O S&P 500, o Dow Jones e o Nasdaq subiram 0,65%, 0,38% e 0,48%, respectivamente.
No Brasil, a alta da Bolsa foi impulsionada pelas ações da Vale, que subiram 1,24%, em meio à alta do minério de ferro na China.
O destaque positivo do dia, porém, foi a Ambev, que registrou avanço de 4,12% e ficou entre as mais negociadas da sessão após divulgar salto de 19,3% no lucro líquido do terceiro trimestre.
Além disso, as “small caps”, empresas menores e mais ligadas à economia doméstica, também subiram, favorecidas pela queda nos juros futuros. As maiores altas foram de Gol (9,55%) e GPA (7,18%), e o índice que reúne essas companhias registrou ganho de 1,02%.
Na ponta negativa, a Petrobras caiu 1,11%, em dia de fraqueza do petróleo no exterior.
O setor bancário também fez pressão no Ibovespa em meio a preocupações com as contas públicas no país, principalmente o risco de o governo buscar o equilíbrio fiscal via aumento da carga tributária, eventualmente antecipando medidas previstas apenas para 2024, incluindo ações que afetem os bancos. Com isso, Itaú e Bradesco ficaram entre os papéis mais negociados da sessão e recuaram 0,92% e 1,40%, respectivamente. (BNews)
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