Ticker

6/recent/ticker-posts

Mais de 70% dos trabalhadores por aplicativo estão na informalidade, aponta IBGE

 

Brasil tem 1,7 milhão de profissionais plataformizados; maioria atua no transporte e enfrenta longas jornadas
Brasília (DF), 05/12/2023, Empresas de aplicativos de Motoristas. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil    Segundo dados divulgados nesta sexta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 71,1% dos trabalhadores por aplicativo estavam em situação de informalidade em 2024, enquanto entre os não plataformizados — aqueles que não atuam por meio de apps — o índice era de 43,8%.

O país registrou 1,7 milhão de trabalhadores vinculados a plataformas digitais, o equivalente a 1,9% da população ocupada no setor privado. O número representa um crescimento de 25,4% em relação a 2022, com 335 mil novos trabalhadores.Os dados integram o módulo Trabalho por meio de plataformas digitais 2024 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), realizada em parceria com a Unicamp e o Ministério Público do Trabalho (MPT).

Informalidade e previdência

O IBGE considera informais os empregados e empregadores sem carteira assinada, autônomos sem CNPJ ou MEI e trabalhadores domésticos ou familiares auxiliares sem registro.

Embora tenha havido aumento de 2,2 pontos percentuais na contribuição previdenciária entre os plataformizados, apenas 5,9% deles contribuíam para a Previdência, contra 61,9% dos demais trabalhadores.

Rendimento e jornada

O rendimento médio mensal dos trabalhadores por aplicativo foi de R$ 2.996, 4,2% acima do dos não plataformizados (R$ 2.875). No entanto, o ganho por hora foi menor (R$ 15,40 contra R$ 16,80), já que a jornada média semanal dos plataformizados (44,8 horas) superou em 5,5 horas a dos demais (39,3 horas).

A diferença de renda entre os dois grupos diminuiu em relação a 2022, quando era de 9,4%. Segundo o analista do IBGE Gustavo Geaquino, o rendimento varia conforme a escolaridade:

“ENTRE OS MENOS ESCOLARIZADOS, O RENDIMENTO MÉDIO DOS TRABALHADORES DE APLICATIVOS ULTRAPASSA EM MAIS DE 40% O DOS NÃO PLATAFORMIZADOS. JÁ ENTRE OS QUE TÊM ENSINO SUPERIOR COMPLETO, A MÉDIA DOS PLATAFORMIZADOS (R$ 4.263) É 29,8% INFERIOR À DOS DEMAIS (R$ 6.072)”, EXPLICOU.

Dependência das plataformas

A pesquisa mostra forte controle das plataformas sobre os trabalhadores. Entre motoristas, 91,2% disseram que o valor das corridas era definido pelo aplicativo, e 76,7% afirmaram não poder escolher livremente os clientes.

Entre os entregadores, 70,4% relataram que o prazo de entrega era determinado pela plataforma, e 76,8% disseram o mesmo sobre a forma de pagamento. Além disso, mais de 30% dos entrevistados afirmaram já ter sofrido ameaças de punição ou bloqueio.

Distribuição regional

O Sudeste concentra 53,7% dos trabalhadores por aplicativo do país. No Nordeste, 69,4% dos plataformizados atuam no transporte particular de passageiros, a maior proporção do Brasil.

No total, 86,1% dos trabalhadores de aplicativo são autônomos, e 72,5% atuam em transporte, armazenagem e correio, o que confirma a predominância de motoristas e entregadores entre os plataformizados. voz da bahia




Postar um comentário

0 Comentários