A secretária de Assistência Social de Santo Antônio de Jesus, Andressa Moese, falou sobre o caso de um idoso identificado como Francisco, que dorme há dias no canteiro da Rua da Linha. Segundo a secretária, a situação de Francisco está entre as muitas que o setor analisa diariamente, por conta das dificuldades enfrentadas pelas equipes no processo de atualização dos cadastros sociais.
“Ele precisa ir no CRAS, e aí ele relatou que já teve no CRAS. Eu vou pedir pra ele ir novamente hoje conversar, porque a gente traçou uma estratégia de tentar avaliar a prioridade da prioridade, porque todos são prioridade, todos eles. Então, é colocar o caso de um na frente de outro… a gente não tem condição de avaliar. Acaba sendo pela ordem de chegada da procura”, afirmou.
A secretária também se solidarizou com o idoso e reconheceu a dor enfrentada por ele e por muitas outras famílias.
“O caso de Seu Francisco — e aqui eu já me solidarizo com ele, porque, de fato, é muito difícil a pessoa ir no banco sacar, precisando do seu benefício, e chegar lá tem uma negativa. Então, eu entendo, eu sei da angústia e da preocupação que está para ele, mas que se estende para muitos munícipes Brasil afora.”
De acordo com Moese, nos últimos meses houve um número expressivo de bloqueios do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC), justamente o tipo de auxílio que Seu Francisco busca reativar.
“O BPC é concedido pela extrema vulnerabilidade da pessoa. Então o governo reconhece que a pessoa de fato tem uma extrema vulnerabilidade ou por doença e também financeira, ou por idade e financeira. Então, são duas condicionalidades para que a pessoa acesse esse benefício. Para nós, é o público mais sensível.”
Moese explicou ainda que há casos de pessoas que não se enquadram mais no perfil exigido pelo Governo Federal, o que também provoca cortes nos benefícios. Para ela, embora o controle seja necessário para evitar fraudes, a forma como as novas regras foram aplicadas prejudica os municípios.
“Infelizmente, se existe esse controle, é porque também existe muita fraude. É compreensível. A minha crítica é a forma como aconteceu, que poderia ser escalonado. Até por conta das equipes nos municípios de um modo geral, dar conta. Porque precisa ter vários veículos, motoristas… Não é só a equipe do CadÚnico”, disse.
A secretária destacou ainda que a atualização cadastral, no caso do Benefício de Prestação Continuada (BPC), exige visita domiciliar. Esse processo é mais demorado e demanda estrutura logística, o que tem sido um desafio.
“Essa atualização não se faz somente lá. A atualização em si é na central, porém, nos casos de BPC, precisa fazer a visita domiciliar. Então isso aí acaba sendo mais demorado, mais custoso”, explicou.
Hoje, segundo a secretária, Santo Antônio de Jesus conta com 4.300 pessoas beneficiárias do BPC. Ela explica que, durante a pandemia, o Governo Federal suspendeu a exigência de atualização do cadastro.
“Esse formato de atualização estava suspenso. Posteriormente, passou a ser obrigatório. E todo mundo que acessa esse benefício deve atualizar.”
Mesmo diante dos obstáculos, Andressa afirma que a secretaria tem se esforçado para acelerar os atendimentos.
“Nós tivemos alguns mutirões. Já colocamos a equipe para trabalhar de domingo a domingo, fazendo visita também nos finais de semana, para poder diminuir essa fila que estava para novembro. A gente conseguiu reduzir bastante.”
Ela reconhece que qualquer dia a mais pode significar muito na vida das pessoas em situação de vulnerabilidade, e reforça o apelo por compreensão.
“Eu sei que até é angustiante pedir paciência, mas é o termo correto. Está todo mundo imbuído em conseguir atender o maior número possível, dentro de todo o processo conforme o Governo Federal orienta”, completou.
Por Kaylan Anibal /
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