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Apenas 7% do dinheiro desviado por golpes com Pix é recuperado, aponta Banco Central

 

Nova versão do MED deve rastrear até cinco níveis de transferências e facilitar contestação diretamente nos apps bancários  O Banco Central (BC) informou que apenas 7% do valor total desviado em transferências fraudulentas via Pix foi recuperado até o momento. Isso representa R$ 459 milhões de um montante de R$ 6,98 bilhões desviados, segundo dados fornecidos pela instituição por meio da Lei de Acesso à Informação. Dos 5 milhões de pedidos de devolução feitos por vítimas, apenas 31% foram aceitos.

Foto: Bruno Peres / Agência Brasil

O principal entrave do atual sistema de devolução, o Mecanismo Especial de Devolução (MED), é o rastreamento limitado: atualmente, o BC só monitora a primeira conta que recebe o dinheiro após o golpe. Como criminosos costumam repassar rapidamente os valores entre diversas contas de laranjas, isso dificulta a recuperação dos recursos.

Para ampliar a eficácia, o BC desenvolve o MED 2.0, que permitirá rastrear o dinheiro por até cinco níveis de transferência. A previsão é que a nova versão esteja em operação no primeiro trimestre de 2026, devido à complexidade de integração com mais de 800 instituições participantes do sistema Pix.

Além disso, está em fase de implementação o autoatendimento para contestações, permitindo que usuários iniciem o processo diretamente pelos aplicativos bancários, de forma totalmente digital. Segundo o presidente do BC, Gabriel Galípolo, o novo sistema tornará a contestação mais simples e intuitiva.

Atualmente, somente a instituição financeira pode informar o BC sobre um caso suspeito, o que aumenta o tempo de resposta e facilita a movimentação do dinheiro por criminosos. Com o novo formato, os bancos devem permitir que os clientes escolham a transação contestada no extrato e indiquem o tipo de golpe sofrido.

Em 2024, 86% das quase 3,5 milhões de recusas de estorno ocorreram por falta de saldo na conta de destino. Mesmo quando a devolução é aprovada, ela pode ser parcial, caso o valor original já tenha sido movimentado.

O Bradesco já aderiu ao novo modelo, permitindo que clientes contestem Pix diretamente pelo extrato, com botão específico. Segundo o diretor de produtos de pagamento do banco, Marcos Cavagnoli, o novo MED também contribui para o rastreamento de contas laranjas e seu bloqueio.

O BC também autoriza instituições a marcar contas envolvidas em fraudes na plataforma fraud marker, desde que haja indícios concretos de crime.

Para Luiz Henrique Sá, diretor de produto da fintech Dock, o MED 2.0 poderá elevar o índice de sucesso das devoluções para até 80%, mas ele alerta que parte do dinheiro continuará perdida devido à velocidade com que os golpistas operam. “Vai para uma conta B, depois C, e vira até criptomoeda”, exemplificou.

Diferente das contestações de cartões de crédito — que incluem cancelamentos por engano ou arrependimento —, o MED é exclusivo para casos de crime ou falha técnica da instituição. Segundo Gustavo Carvalho, da Visa, o Pix caminha para adotar ferramentas similares às dos cartões, mas ainda enfrenta limitações técnicas por ser um sistema de pagamento instantâneo.

As instituições financeiras têm até 1º de outubro para implementar o autoatendimento no MED. As orientações incluem a disponibilização de regras, prazos e opções de relato do tipo de golpe. O prazo para devolução, em caso de aceitação, é de até 11 dias.Por  / 

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