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Proibição de celulares em escolas revela ‘crises de abstinência’, melhora nas notas e mais interação entre alunos

 A proibição do uso de celulares em sala de aula, implementada em escolas de São Paulo e do Rio de Janeiro, tem gerado intensas mudanças na rotina dos alunos, entre elas a superação de “crises de abstinência” e melhoras nas notas. O Ministério da Educação (MEC) estuda lançar um projeto de lei para restringir o uso de aparelhos eletrônicos nas instituições de ensino do país ainda em outubro.

Foto: Pixabay / Reprodução

Professores e coordenadores notam que, apesar da resistência inicial, com episódios de “desespero” e até tentativas de desbloquear pochetes de segurança, os alunos vêm se adaptando ao novo ambiente escolar. “É como a saída de um vício”, afirma Maristela Costa, professora de português da escola Alef Peretz, em São Paulo, onde os celulares começaram a ser “trancados” em pochetes magnéticas no início do ano.Desde que o celular foi proibido, os alunos passaram a dedicar mais atenção às aulas e a participar de atividades sociais e esportivas. Na escola Tarsila do Amaral, os menores reaprenderam a brincar, enquanto adolescentes na Alef Peretz substituíram os bate-papos digitais por jogos de futebol e conversas “cara a cara”. “Hoje, eu leio muito mais. O telefone estava tirando a minha concentração”, conta Kamilly Luanni, de 13 anos.

Além das questões acadêmicas, a medida também tem impactado o comportamento das crianças, como explica Patrícia Bignardi, coordenadora da Escola Tarsila do Amaral, que atende a educação infantil: “Nos primeiros dias de aula, descobrimos que certas crianças só aceitam comer assistindo a vídeos”. Nessas situações, as famílias são orientadas a fazer uma transição gradual, substituindo a tela por brinquedos.

Apesar dos desafios e da resistência, escolas que adotaram a medida observam uma adesão positiva por parte dos pais, que relatam perceber mais foco e disciplina em seus filhos. A professora Joana Possidônio, diretora do GEO Martin Luther King, no Rio, argumenta que o uso de tecnologia em sala deve ser equilibrado. “Nosso objetivo é equilibrar o uso desse aparelho. Não é só proibir por proibir”, destaca.

Para entender o impacto do projeto de lei em estudo pelo MEC, o g1 visitou três instituições onde a restrição já é realidade, observando os desafios e benefícios do novo modelo de ensino sem celulares. A pesquisa TIC Educação 2023 aponta que 28% das escolas brasileiras já implementaram medidas semelhantes para restringir o uso de smartphones no ambiente escolar.Por  / 

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