Os trabalhadores da Petrobras Biocombustível (PBio) entram em greve por tempo indeterminado a partir das 7h desta quinta-feira (20). O movimento é uma resposta à intransigência da gestão da estatal, que se recusa a negociar a manutenção dos empregos dos petroleiros da subsidiária, que está em processo final de privatização.
Com isso, as atividades serão paralisadas nas usinas de biocombustíveis de Candeias, na Bahia, e de Montes Claros, em Minas Gerais, além da sede da subsidiária, localizada no Rio de Janeiro. A usina de Quixadá, no Ceará, que também foi colocada à venda como as outras unidades, está desativada (em hibernação).
A PBio, fundada em 2008, uma das maiores produtoras de biodiesel do país, tem atualmente cerca de 150 trabalhadores. Eles reivindicam transferência para outras unidades da Petrobras. A empresa insiste, contudo, em usar o modelo de venda da PBio como “impossibilidade jurídica” para atender ao pleito da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e dos sindicatos filiados.
“A greve está sendo decretada como último recurso devido à intransigência da antiga direção da Petrobras. Os trabalhadores, a FUP e os Sindipetros buscam reabrir as negociações com a nova diretoria da estatal para que seja revisto o envio desses empregados para a sumária demissão pela nova empresa. O objetivo é mudar o modelo de venda, para que os trabalhadores permaneçam no Sistema Petrobras”, informou o Sindipetro Bahia.
Os empregados da PBio são concursados e seguem o mesmo Plano de Cargos e Avaliação de Carreiras (PCAC) da Petrobras, podendo, portanto, serem realocados em outras unidades da estatal e, assim, permanecer na empresa. Outra preocupação do movimento sindical é com os trabalhadores terceirizados, prejudicados com o desmonte e privatização das unidades da Petrobras. Centenas de terceirizados já foram demitidos e enfrentam dificuldade para retornar ao mercado de trabalho.
A privatização da PBio foi anunciada em julho de 2020 e está na fase vinculante de venda das usinas. Na ocasião, a Petrobras informava ao mercado que a PBio é uma das maiores produtoras de biodiesel do país com 5,5% de market share em 2019 e “terá um crescimento expressivo de 25% do mandato de mistura de biodiesel nos próximos três anos (B12 to B15), é porta de entrada e de expansão no 3º maior mercado de biodiesel do mundo, tem localização estratégica, com acesso privilegiado aos mercados brasileiros das regiões Sudeste e Nordeste”, entre outros atributos.
Em outubro de 2016, quando a então gestão de Pedro Parente anunciou o fechamento da usina de Quixadá, no Ceará, a FUP e o Sindipetro- CE/PI denunciaram os impactos que a medida teria sobre nove mil famílias de pequenos agricultores do semiárido que abasteciam a unidade com oleaginosas. A resistência impediu o fechamento da usina, mas a gestão da Petrobras seguiu adiante no desmonte do setor e colocou a unidade em hibernação em 2017. Hoje, somente as usinas de Montes Claros e Candeias continuam em atividade.
Privatização contestada
A privatização da PBio está sendo contestada no Judiciário, através de ações civis populares, que foram ingressadas em Minas Gerais e Bahia. Conflitos de interesses na privatização da PBio também foram alvos de denúncias na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e Tribunal de Contas da União (TCU). (Fonte: Bahia.ba)
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